
● Palavra de especialista
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Forcei a memória, enquanto as recordações do início da paternidade me levaram à euforia, realizações, sonhos, viagens, alegria incontida.
O neto me trouxe outro sentimento.
Com os filhos vieram a felicidade, o amor, o compromisso, um fortalecimento da humanização.
Com o neto, algo que me foge à razão.
Por exemplo, com os filhos, me lembro de um dia ter dito a mim mesmo: “Agora posso morrer em paz, meus genes seguirão em frente”, num sentido de objetividade, carne e matéria.
“Vou procurar fazer de tudo para vocês, darei o máximo de mim, não haverá de faltar nada a vocês, estarei presente em todos os momentos possíveis, vou mostrar o mundo a vocês.”
Sempre que viajava, trazia presentes aos três, amava contar estórias e histórias, vê-los sorrir fortemente.
Com o neto é diferente, não se trata de desumanizar, muito pelo contrário, mas evoluir o humano, algo além da razão e da fantasia, que denominei de “apofantisíaco”.
O neto me leva à espiritualidade, longe da matéria, um conforto mais profundo, uma paz indescritível, talvez ligada a uma alma universal.
Enquanto com os filhos pensei em genes e hereditariedade, com o neto sinto-me fazer parte de um universo imensurável e magnífico.
Ah, que delícia de viver.
Delícia de ser avô.
Beny Schmidt é médico e chefe do Laboratório de Patologia Neuromuscular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e avô de Luke Benjamin, de 1 ano
23 de janeiro de 2016
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